Depois da despedida chovia pouco, mas ainda chovia. O transporte clandestino aponta com faróis altos no fim da rua, colorindo as gotas finas que caiam à sua frente. Já dentro do carro popular com cheiro de novo, o ar era desconfortante, já que só pode ocupar o banco de traz, e o motorista muito agitado e com cara de poucos amigos arranca antes mesmo de a porta se fechar.
Um rádio amador começa a chiar no carro atrapalhando a música que tocava no rádio do carro com duas frases que se tornaram assustadoras: "vamô subi ele...todo mundo vai subi ele...". Sem pensar duas vezes o motorista desembesta pela primeira rua mais escura que encontra e some a mais de dez quilômetros do seu destino. Apavorante a sensação de ser espectador de tamanha aflição, a sua e a do motorista, que pelo caminho esburacado e escuro, parecia dirigir como se tivesse crescido ali, no breu.
Nessas horas, você se torna intolerante, racista, alucinado e...covarde. Não pronuncia nenhuma palavra, só hipóteses na sua cabeça, que vão e vem tão rápido quanto aquele carro, só que com menos eficiência, já que o carro, obviamente chegaria a algum lugar. Quando o desespero começa a tomar forma de palavras, ao longe, como no fim do barranco se avista alguns faróis em circulo com uma pequena chama central. A saliva desce como se arranhasse a garganta e se resseca. O carro estaciona e todos comemoram a chegada do motorista mostrando um balão de papel de uns 5 metros de altura estampado com o brasão de um time de futebol e gritando: "Feliz aniversário Negão!".
O alívio chega e a única coisa que passa pela cabeça é: "Meu anti-transpirante funciona mesmo hein!"
domingo, 21 de março de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)

gostei do texto...
ResponderExcluirparabens...
Ainda bem que você ainda usa fraldas...
ResponderExcluirfoi seu aniversário? :D
ResponderExcluiraaah, que legal!
parabéns atrasado, pelo jeito :)
rsrs
ResponderExcluiresse texto está com cara de crônica..
muito bacana...adorei o final!
hehe
Passarei a visitar mais esse blog *-*
Beijos